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30 de junho de 2010

Um sobrevivente


Aquela repressão me deixava inquieto. Eu queria expor o que eu pensava, alertar aos demais brasileiros o que se passava em nosso país. Conheci algumas pessoas , que assim como eu, também queriam lutar pela liberdade de expressão. Aos poucos, por meio de reuniões secretas, nós iamos tendo algumas idéias. Mas os militares estavam sempre a procura de grupos como o nosso. Numa tarde de outubro, um companheiro nosso fora preso. Até hoje não sabemos o que aconteceu com ele. Mas as histórias que chegavam aos nossos ouvidos eram um tanto assustadoras. Eu tive uma idéia, um pouco infame, mas tive coragem e realizei-a. Subi em um palanque improvisado em uma praça no centro da cidade, e comecei a contar para a população o que se passava em nosso país. Contei sobre as mortes, sobre os companheiros que foram presos e nunca soubemos o que aconteceu. E enquanto eu tentava salvar um pouco de nosso pátria, senti um golpe violento em minha cabeça. Desmaiei. Acordei em um sala sombria e úmida. Eu estava sentado em uma cadeira de ferro pesada, e minhas mãos estavam atadas. Um rapaz alto, com um fardamento militar veio até a mim e disse que eu seria interrogado. Alguns minutos depois chegou o chefe dele. Ele perguntou onde estavam o resto dos meus companheiros. O nome, endereço e familiares. Eu não podia entregá-los. E enquanto eu negava, recebia golpes, murros, chutes por todo o corpo. Eu estava decidido a não contar. Então eles saíram da sala, e me deixaram só. Tive sorte, fui apenas exilado do país. Sofri muito, porém tive a sorte de permanecer vivo, para propagar à todos o que acontecera nessa época em nosso país.

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