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27 de junho de 2010

Nada é tão ruim que não possa ficar pior




Ela chegou trêmula e com um papel na mão. Me entregou e eu li: Exame de sangue. Estava grávida. Ela me abraçou, e suas lágrimas ficaram impressas na minha camisa azul-celestial. Uma onda de sentimentos me afogara. Nós não poderíamos ter deixado isso acontecer. Nós eramos
muito jovens para isso. Naquele ano eu queria entrar numa universidade e comprar meu carro. Mas um filho chegando agora iria atrapalhar tudo. De repente, abro meus olhos, salto da cama e levanto: era um sonho. Fiquei apavorado e ao mesmo tempo aliviado, por ser apenas um sonho. Mais tarde nos encontramos. Ela chegou séria e segurando um papel. Suei compulsivamente ao lembrar-me do sonho. Aproximou-se e pediu para eu ler. Minhas mãos paralisaram, mas com muito esforço consegui segurar aquele papel. Nele tinha escrito: Exame de sangue. Fiquei muito nervoso e joguei-o no chão, disse que não queria ler. Ela chorou demais e foi embora correndo. Fiquei ali parado durante algum tempo. Apanhei o papel e tomei coragem para ler. Ela estava com leucemia.


Antes fosse gravidez.


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