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5 de julho de 2010

Uma outra face do negócio


Minha carreira começou em 1995. Foi em Copacabana meus primeiros programas. Não gostava, me sentia um objeto. Mas era um mal necessário. Já levei surra. Já fugiram sem me pagar. Já aconteceu de tudo. Eu morava com duas amigas. Elas também faziam o mesmo trabalho. Algumas vezes até fazíamos juntas. Eu era morena, Gabriela loira e Paloma ruiva. Alguns programas eram até divertidos. Algumas vezes uns gringos nos contratavam para passar o fim de semana com eles em Angra dos Reis. Era até bom. Batíamos fotos, andávamos de lancha, tomávamos banho de piscina. As casas eram muito luxuosas. Muitos eram casados, e às vezes recebiam ligações das mulheres e dos filhos. Me sentia constrangida, mas era o meu trabalho. Gabriela infelizmente morreu de overdose no quarto de um motel. Nós costumávamos usar drogas para aguentar os programas. Paloma não me deu mais notícias desde 2001. Na última vez que nos falamos ela ainda estava trabalhando nesse ramo. Eu, em 1999, conheci um italiano. Ele se apaixonou por mim e me trouxe para Itália. No começo eu não gostava dele, só me aproveitei de sua paixão para conseguir me casar. Mas ele me tratava tão bem. Me mandava flores, me levava para jantar. Me tratava como nenhum homem nunca me tratou. Acabei me apaixonando também. Nos casamos e temos três filhos lindos. Moro no sul da Itália, e mando dinheiro todos os meses para os meus pais. Tive sorte.

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