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2 de julho de 2010

Revolução

Antigamente eu trabalhava por conta própria. Fazia sapatos. Demorava alguns dias para fazer um par, mas ficava caprichado. Tinha uma clientela considerável, e o que eu lucrava no mês não era muito, mas dava para sustentar minha família. Assim como eu, havia dona Lourdes que costurava de tudo um pouco, fazia roupa como ninguém. Havia também o senhor gaspar, que era mestre em fazer bolsas. E muitos outros que trabalhavam por conta própria. Mas certa vez, chegaram máquinas indústriais em nossa cidade. Estas faziam sapatos, roupas e bolsas, em menos tempo que a gente, e com o preço bem menor. Então, nossa clientela fora caindo e hoje não restara um. Seu gaspar foi despejado de sua casa, pois não havia como pagar, e o proprietário não poderia ficar no prejuízo. Dona Lourdes e seus cinco filhos, passaram fome, de modo que seus filhos deram início a uma prática que até então não era muito comum: assaltos. Faziam isso a fim de conseguir dinheiro para alimentar a mãe e os irmãos. Bom, hoje meus filhos pedem esmola no semáforo próximo onde moramos. Moramos hoje embaixo da ponte, em frente a uma indústria de sapatos. Que ironia.


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